domingo, 8 de dezembro de 2013

Sussurros

Um dia em pausa, uma trégua do calor ao dia.
Acordo e me lembro que o peso no meu corpo vem do teu encontro comigo. Você devaneia em suspiros lentos e ritmados, eu fecho os olhos, te dou um outro beijo e peço que seja um sonho bom.
A cena que eu desenhei em um tempo de solidão, quando tudo era ímpar no meu quarto e incompleto. As mudanças, a sua presença, como a vida muda quando a gente vai em frente e acredita. 
Eu quero ficar aqui, quero continuar com as palavras interrompidas pelo toque nos meus lábios, o silêncio interrompido pelos teus sons tão singelos, e os nossos sussurros que se entregam na dança desse amor nada secreto.
Minha calmaria em tempos de caos, quando foi a última vez que acordei sem seu bom dia? Esqueci no álbum do passado esse ar deserto, quero a brisa dos teus cabelos antes de receberem carícias em teus dedos, nessa sua mania de criança inquieta.
Sussurre outra vez seu amor em meus ouvidos, eu repito tudo o que sinto quando penso em você, ah o teu sorriso, o presente perfeito pra me aquecer entrebeijos. Devagar se vire e me encare, como poderia fugir se eu sempre quis me prender nesse exato momento de descoberta, como eu desejaria um outro se meu coração criou laços com o teu?
Quando eu te abraçar após um outro beijo; me prometa sem intenção de me enganar, que você também gosta de encontrar a paz de sermos simples, sermos apenas nós.
Eu que me incomodo com o silêncio encontrei no som baixo, no sussurro do teu querer quando cai por cima de mim, e a nossa canção vem em contraponto suave, embora seja decerto intenso tudo o que grita de desejo no meio de nós e esses dias a dois.

- Lu Martins

domingo, 24 de novembro de 2013

Parepense

Não quero me precipitar, talvez você entre naquela porta sem se despedir, talvez eu acorde outro dia sem você aqui.
Não quero te elogiar para não parecer doce demais, correr o risco de você enjoar, tornar até mesmo o que seria bom um exagero fora de tom.
Não quero correr, fugir. Cansei de querer apenas pra mim, parei, pensei, se tiver que ser vai ser bom pra você também estar aqui. Ali, lá,  onde quer que seja preciso o amor estar.
Não busquei palavras diferentes, se todo meu sentimento é percebido, recebido pelos teus olhos, braços e pela pele suave da tua boca. Talvez você pare e pense que seu lugar foi construído para te receber bem perto a mim.
Não olhei de lado, quis a minha intensidade te atingir como flechas teleguiadas, resultado esperado encontrar teu coração e uní-lo ao meu. Seria loucura parar o tempo, pensar no plano pra te ter em mim.
Errante a poucos instantes antes de você ser presente, certamente seria ilusão eu diria acreditar que felicidade vem no encontro de mãos. Seria, se eu não parasse e observasse o quanto sorri em resposta ao toque teu. Paro e penso, ser feliz é acreditar que pode acontecer, encontros como eu e você.
Não quero julgar casais antigos, casos perdidos, buscar erros passados, sigo passo a passo, com o rumo certo, de que mesmo parecendo errado, meu futuro se torne a presença tua ao meu lado.
Não quero me antecipar e ver você deixar a saudade aqui comigo, um beijo quente, uma hora e logo você me procura. Pare e pense, por que ir se você quer ficar? Não vou me soltar de você, não vou entretanto gastar palavras a te convencer, pare e pense, tudo que fiz a você, e decida se quer continuar sendo tudo o que quero viver, quando penso em eu e você.

- Lu Martins

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pode ser

Sentir-se preso, desorientado, diferente do habitual aceitável. Um mar de perguntas que invadem mente e corpo como agulhas em cada negativa.
Sentir-se acuado, sombrio, diferente daquele sorriso conhecido. Conversas que perseguem através das palavras que não deveriam ser ditas jamais, o acolhimento que não aconteceu, o medo que ficou pairando no ar.
Sentir. Como em uníssono todos de uma só vez clamam que você se escute e persista. Sim é o que você sempre quis, lute outra vez, a chance de ser feliz, a sorte que apareceu melhor e maior. Não assista a vida acontecer, faça ser o que tanto desejou. É isso, essa falta de ar não é angústia, é algo que não se explica, é algo que você buscava mas não acredita. Quando vai perder o medo de se machucar e essa escolha de acreditar que não merece tudo isso?
Esqueça de tudo que deixou de ser, esqueça das histórias que não puderam ser. Hoje isso tudo ainda é você, mas não a dor, as derrotas, a incerteza do amor. Faça do pouco que restou seu aprendizado, sua cotação pro mercado, sua evolução pra essa nova batida em sua porta. Crie outra vez, não desista dessa risada solta, não cale a beleza das suas palavras, da sua pessoa. Muito pode acontecer se você se deixar viver. Não pare no tempo, não se iluda,  ele corre, e não retorna. Observe, mas não se apegue a imagens que não vão repetir. Desapegue, por fim. Torturas hão de existir independente do seu querer, mas as que você mesmo se aplica essas são dispensáveis. Dispense a tristeza, não é esse o doce que pode transmitir seu olhar. Conviva com q paz, e outra vez vai acontecer e acredite quando o coração insiste, pode ser.
Encare os fatos, encare seus atos. Descubra o que anda solto por aí, retire-se de tanta culpa. Comemore as pequenas vitórias. Por fim, deixe um novo ciclo se iniciar. Não corra atrás de infinitos amores, mas aquele que realmente te faça ser infinito.

- Lu Martins

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Se o vento permitir

Acordo cedo em disparada pela porta mundo a fora. Com sol ou chuva, sabe o vento onde me levar. Quem adivinharia em que trilhas eu chegaria? Corro quase sempre,  quase tudo se torna urgente.
A estrada que se fecha, a serra fechada, a praia a minha espera, e os meus pedidos aos céus;  se o vento permitir a gente se encontra de novo. Sem discutir com o tempo,  a ele meu respeito por sabedoria e xamanismo, o ancião dos mundos que nos cura em silêncio e com a paciência que nunca entendemos. Se raro, agradecemos.
Escutar a estrada e quem passa ppr ela, enxergar quem tem pressa mas pede ajuda com o olhar, quem mais precisa nesses nossos dias desacelerar. Os conselhos dados, as palavras recebidas, a que horas serão aceitos e por fim, compreendidos? Se o vento permitir a gente volta pros mesmos lugares,  com a bagagem nova e acumulada na vida. Quando for preciso faz bem se deixar levar pelo vento em seu ouvidos, um beijo que parece te fazer perder os senidos. Quem muito explica o que sentiu, esqueceu de sentir e em desespero quer lembrar,  gritar, pedir ao vento sua repetição.  Esse ainda não agradeceu ao ancião dos mundos.
Parar nunca parece me conquistar,  saio em disparada outra vez procurando um novo lugar, novas histórias,  preciso do ar a entrar suave em mim. Sou guiada pelo vento, vou em brisas, me carrega em ventanias, converso com os elementos essenciais, e descubro outra vez quem vai ao meu lado na viagem. O toque do vento me apresenta a fé, o querer bem, o elo que não prende, mas liberta quando toco em nuvens e saio do chão,  sem explicação,  sou eu a voar em todas as direções, sou eu brincando com o vento, e se ele permitir eu mando meus sorrisos por aí.

- Lu Martins

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Descobrir Outra Vez

O tempo cura! Talvez precise de uma atualização nessa frase tão gasta. Sensata, mas não auto explicativa.  O tempo cura, sim, mas com uma grande ajuda de outras frentes.
Primeiro,  você tem que se permitir redescobrir o que há dentro de você,  e se desapegar de tanta dor, da melancolia e a apatia que te visita após algumas decepções e feridas. Como todo programa de cura, o tempo é mestre em desconhecer da exatidão do próprio tempo nessas circunstâncias. Aqui nesse estagio parece não seguir parâmetros mundiais, o tempo corre ou anda mais lento conforme você o percebe.
Seus amigos te incentivam, mas quando você não os acompanha, fica por sua conta e risco sair desse casulo. Sair, por si seria uma vitória capaz de fazer um grande amigo sorrir. E quanto aos seus sorrisos? Quando você vai dar outra chance a eles conquistarem o mundo, um momento, outro amor?
Você desacredita, agora tudo parece cinza e traumatizante foi seus dias passados. Quando estamos assim vemos e lembramos apenas desses dias tristes e sem cores, muito embora tenhamos vivido dias incríveis, divertidos e recheados de gargalhadas e afetos sinceros. Você acha que por segurança é melhor criar barreiras,  muros intermináveis e impossíveis de qualquer aventureiro sequer sentir vontade de transpor. Pura ilusão. Saber que essa armadilha é criada pelo nosso coração e que deveríamos aproveitar e confiar outra vez nas ofertas da vida é tarefa árdua,  e não se sinta mal, mas raros conseguiram sair ilesos. Como toda grande batalha, nem sempre a vitória indica falta de cicatrizes,  mas sim crescimento e sobrevivência. No caso, entretanto,  uma outra peça cotidiana.  Uns acham que basta sobreviver,  quando o que interessa mesmo é viver.
O tempo cura, ameniza,  e aos poucos você volta a sorrir. Então se permite enxergar quem esteve ali, esperando silenciosamente (ou não) aquele instante de esperança para chegar até você. Olhe em volta,  por que não deveria aceitar novas propostas?  Novos primeiros beijos? Novas mensagens e melodias?  Novidade. É, dizem que um novo amor sempre resolve antigas dores. E quer saber?  Não é um novo amor apenas, um novo personagem,  mas sim você voltando a acreditar outra vez nesse antigo anfitrião. Amor, amor, amores. Encham a caneca até o topo, pois quero sempre esse gosto doce, quente e que traz vida ao dia. Curem o tempo, curem as fotografias, curem a vida. Se cure dessa melancolia,  e apenas repare, pense menos,  e responda a você mesmo - Por que parar no tempo por alguém que já não tem tempo pra você?  Dedique o seu melhor a quem for curioso, quem procurar em detalhes formas de te ajudar a se curar.
No fim, todo novo início depende de si. Tente outra vez se descobrir. Saber quem é você e se despir de medos. Voltar a sonhar e deixar a vida fluir, respirar, encantar e colher os raios de sol que chegarem a você.  Não reclame do calor, mas agradeça por novamente se sentir aquecido, aí dentro, mesmo quando você tiver um coração que já foi partido.
Descubra outra vez o que faz você feliz, e me diga, pra tanto querer, receber em troca, o que você fez?

Acorde pra brisa que vem bater à sua janela.

- Lu Martins

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Acorde comigo

Hoje eu nem reparei se o sol invadiu a casa
Hoje só me interessa saber porque da sua falta
Quando vai voltar e respirar a vida ao meu lado
Por que você não acordou comigo?

Eu sinto o teu cheiro me invadindo o corpo inteiro
O telefone que não toca, uma mensagem pra me avisar da sua volta
Quando você vai usar de novo as chaves que te entreguei
Como eu vou viver feliz sem ser contigo?

Vem e passa mais que uma semana
Vem e me encontra outra vez na minha cama
Os teus braços entre os meus, o teu desejo misturado com o meu
Aquele beijo pra afirmar o sentimento
Eu preciso de você agora, no futuro em todos os momentos

O tempo te levou pra longe eu sei
Logo a vida encontra um jeito, uma maneira
O que foi escrito na nossa pele em prova do que aconteceu
Eu vou te contar de tudo o que passei
E você vai sorrir com a certeza de que nada se esqueceu
A gente nunca se perdeu

Hoje eu quero ler sobre eu e você
Uma declaração escrita no encarte de cd
Tudo novo pra te receber,  mas esse sol que me cega
Essa saudade sincera que me faz te querer aqui
Vem pra outra vez acordar comigo
A vida inteira a gente nesse mundo escondido

O que é o amor se não for
O que eu enxergo nos teus olhos
Me tire a razão,  se entregue ao nosso paraíso,
espero a tua volta, acorde comigo.

-Lu Martins

sábado, 5 de outubro de 2013

Calor

Meu corpo transpira sem pausas, cada gota exalando o desejo existente entre nós.
Minha pele em atrito com a sua,  minha boca nesse passeio frenético sobre teus traços.
Somos sexo misturado com a essência do amor; somos paixão misturada com a certeza do cuidado.
Meu olhar cruzando no silêncio com o seu; seus sussurros fazendo do meus ouvidos moradia, sou refém dessa adrenalina com seu nome.
Seus cabelos em minha mão, são sons calando com beijos, somos outra vez a pintura prima do desejo.
Saio dessa atmosfera quando escuto seus pedidos por mais, cicatrizes na pele reforçando a vontade e o calor entre os corpos;  são marcas do que aconteceu,  do que foi real, do que foi inevitável.
Somos prazer, loucura declarada no posto que assume com tanta presença na minha frente, somos de imediato amor fervente,  respiração abalada e libido urgente.
Calor. Ondas trocadas entre mãos, lábios,  pele. O toque, a pureza de sentir o coração infinito,  ser duas almas a transformação em um conjunto indivisível.  O momento exato em que chegamos ao ápice do desejo, nos vestimos de prazer encobertos apenas pelo calor dos nossos corpos, entregues,  e outra vez extasiados.
Meu eu junto ao seu,  o encontro perfeito que aconteceu. O encontro que não se esquece. O encontro que no futuro permanece.

- Lu Martins

"O corpo quer a alma entende..." 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Olhar no teu

Dias inteiros eu vivi em solidão,  desacreditada no que falavam sobre paixão, amor e outros sentimentos bons. Não por nunca sentir, mas por não compartilhar por inteiro na devolução de outro alguém.
Meu mundo girava sempre entre os tons de sepia ao preto e branco, com raros momentos de luz clara,  quase por um breve instante em noites sem sentido interior.
E eu apostava nos passos de andarilho sem rumo, sem casa, sem data e hora, que um dia talvez aquele abrigo retornaria a esse carente ser que levo no peito, com apelidos literários de coração. Foi em uma dessas viagens por terras conhecidas que encontrei você,  foi sem saber que o receio sairia de cena e construiria um roteiro completo de sorrisos, paz e cumplicidade para meus dias nessa vida. 
Como arte de ser teimosa criei dúvidas,  artimanhas para poder me proteger, mesmo querendo arriscar. O seu toque em minha perna, o carinho no cabelo, ou o cuidado com o frio que não me era comum naquela colina esverdeada. O primeiro contato com o presente que receberia todos os dias ao teu lado.
Mas foi o meu olhar no teu que completou minha rendição. Você não compreendeu de cara, que eu já estava a mercê dos teus caprichos,  risos e desejando te descobrir ali, naquele descanso na grama, me levando pelo som das tuas palavras,  a beira de chegar tão perto da sua boca.
Foi meu olhar no teu que despertou uma luz, uma vontade,  uma forma de desatar os nós há tempos amarrados em minhas mãos. Foi segurar a tua e beijar sua nuca, sentir teu corpo naquele frio esquentar por inteiro com um arrepio, foi desejo, foi calor, foi o primeiro elo do nosso amor. Foi a chance de ser feliz que se instalou em mim, e foi com você que eu voltei a sentir essa urgência,  essa vontade inacabável de viver.
Hoje sou ainda mais capaz de sentir esse calor quando o meu olhar cruza com o teu, quando das besteiras que eu falo surgem teus sorrisos, quando no meu abraço te sinto respirar leve, e quando sustento teu olhar no meu vejo que só posso definir paixão,  amor, a nossa união como a completa forma de se encontrar não somente alguém para ser feliz, mas a pessoa certa por quem se é feliz.
Entregue meu coração já foi, minha vida e meus sonhos, e ao agradecer a sua presença,  quando lembro o meu olhar no teu é que por sentir, imagino o que tentaram definir criando a palavra felicidade. Somos assim adjetivos, sujeitos e predicados sobre do que o amor trata, se não bastar isso, te diria, ou a qualquer ouvinte, que eu e você somos o que todos buscam quando decidem viver, somos o que sabemos, somos a obra prima do verbo amar.
Por isso, por tantas descobertas ao receber em mim o seu olhar, é que peço que nunca deixe de me encarar. Eu estarei aqui, um alvo feliz das tuas vontades,  do teu jeito, do desejo presente,  eu estarei aqui a espera de uma chance para vencer a saudade, eu estarei aqui, a entregar meu coração completo quando o meu olhar cair sobre o teu.

- Lu Martins

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Desculpa, amor

Eu quis ser o melhor, dar a você meu melhor.
Quis te parecer, e ser fortaleza a qualquer momento.
Eu quis considerar todas as formas criativas para te oferecer meu amor.
Quis ser teu cuidador, proteger quando fosse preciso te defender.
Desculpa,  amor, se não consegui ser.
Eu quis apagar os meus erros, mas eles não sairam todos de mim.
Quis te oferecer um mundo novo, sem ver que abria possibilidades ruins pra você conhecer.
Eu quis regar teus dias de alegria, risadas e sonhos.
Desculpa, amor, por não conseguir ser.
Eu quis encontrar razões pra te ajudar a crescer.
Quis te ensinar a deixar de sobreviver e começar a viver, e esqueci que te mostrava o lado ruim que ela pode ter.
Eu quis, eu tentei ser o melhor, ser forte, ser inteiro, ser perfeito.
Mas me desculpa,  amor, isso eu nunca vou conseguir ser.

- Lu Martins

Passo a passo

Mundo novo.
Janela de frente para a vida.
Sou esse passageiro das horas corridas.
Não mudo por mudar, sou metamorfose emocional.
Mudo de novo.
Invento um jeito de viver o dia.
Sou passo por detrás daquela figura colorida.
Não tenho muito a perder, o meu prazer sei onde encontrar.
Volta e meia, hora de conquistar.
Um passo a frente pro meu desejo presente.
Receber um sim quando o olhar diz que não,  mudar o seu mundo é meu ofício.
Meu passo a passo, encontre um tempo e vai ficar aqui.
Mundo todo, ser um novo sonho.
Ofereço o jogo, mas entro sem medo da partida.
Não fico mudo, quando quero tua boca calar.

- Lu Martins

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Era

Soprando suave o vento mudou a paisagem,  e a paz veio embalada por uma conhecida canção. Palavras esquecidas naquela esquina, frases inteiras jamais pronunciadas.  Era a certeza cedendo lugar a saudade.
Era difícil ver o filme do futuro perder suas cores, era doloroso olhar adiante e se perder, sem enxergar.  A voz que guardava as chaves daquele amor a dois, agora viajava no silêncio da estrada de volta pra casa. O sorriso disfarçando o medo de não haver retorno,  a tristeza de não saber renovar o que os uniu ali, naquele mesmo lugar fora dos mapas, onde foi que se escondeu a porta para os sentimentos?
Era a dor se fazendo presente, era o sonho de envelhecer entre abraços, com recibos assinados por beijos esquecer sua existência. Era tudo o que deixava de ser, um par, um dom, um amor. A história que não era para se perder, era o nome que recebia eu e você.

- Lu Martins

domingo, 7 de julho de 2013

Eu aqui sem você

Cheguei ao meu limite pessoal, particular jeito de sentir tudo o que levo dentro do peito.
Como acordar feliz, sem te olhar dormindo ao meu lado, sem sentir sua respiração leve enquanto o dia vem iluminando o meu quarto? Não existe essa sentença pro meu mundo agora.
Talvez eu invada o teu território, bata de frente com as grades da tua casa e acorde a vizinhaça só pra gritar pra você que essa noite eu quero casar com você.
Só pra ter a certeza de quando outro dia chegar, eu vou estar ao teu lado pra te abraçar.
Teus tantos nomes que eu criei ao telefone quando você chorava rasgando o som com a saudade na sua voz, teus tantos sonhos que eu tento ser e transformar em algo real.
Natural seria eu e você, deitados vendo o sol se esconder no parque da sua cidade, outra chance de viver aquele momento inteiro todo com você.
Eu aqui sem você, castigo. Peça ou desafio do destino, me desculpem seus amigos esse desatino exagerado. Diga a eles com carinho, que eu sou mesmo desesperada, não respeito hora marcada na sua agenda.
Eu te quero aqui, agora, ontem, amanhã, alguém já inventou um novo superlativo pra encaixar a nossa pressa em se completar?
Cheguei há pouco tempo, e seus antigos amores te conquistaram de outros jeitos. Que eles me desculpem a falta de bons modos, eu nunca aprendi a esperar na fila quando cai bem o meu desejo.
Te mandarei flores e presentes, de rosas à diamantes. Minhas palavras e o meu afago.
Para, repara o que te entrego aqui, das minhas mãos que encontram as suas, e não me solta. Decide, se quiser eu fico, mas sem volta. Me diga sim, e eu apago do teu vocabulário o "fim".
Quem falou sobre o amor esqueceu de me avisar que era mesmo um jogo. Tantas fases o seu humor me derrotou, tantas vidas eu ganhei a cada olhar seu direcionado ao meu.
Ainda que demore pra te receber, ou que eu demore a ser o máximo perfeito, vou criar maneiras de te fazer querer ver que tudo fica melhor quando eu fico aqui com você.


- L. Martins

terça-feira, 21 de maio de 2013

Jogo aberto

Vou ser sincera! Justa, e de cara limpa.
Vou te dizer o que o peito grita e os olhos entregam.
Te espero, te desejo, sonho acordada com uma forma, um jeito de te encontrar de novo.
O calendário vem sendo nosso carrasco, mas o relógio ajuda e voa com o tempo apressado. Ou sou eu novamente delirando na ansiedade pelos teus beijos?
Não importa. Hoje o que eu quero é te fazer sorrir, te proteger, fantasiar loucuras pra quando nossos olhares ficarem de frente.
Eles não sabem tudo, eles não imaginam que esse amor é verdadeiro e urgente. Como todo amor calejamos a relação com erros, mas aprendemos e crescemos.
Sou assim e você as vezes, quase sempre diferente. Como ouvi da tua voz, somos completos. Na essência de sermos opostos em muitos pontos, é que entrelaçamos e traçamos nossos pontos em um só nó. Não aquele que une pra separar, mas daqueles que unem pra tornar mais forte a conexão.
Sem fachada, meias palavras, contratos com clausulas que enganam nas entrelinhas. Somos esse amor de cara limpa. Somos essa vontade de fazer duas, só uma vida.
Vou ser sincera, ao te receber vai ver em mim seu sorriso refletido. Vou ser justa e criar um mundo ao teu lado em que veja sempre esperança de um dia melhor.
Vou ser palhaça, vou ser amante, vou ser de cara limpa, mas com uma pinta bandida de quem cria artifícios para que você se mantenha aqui.
Vou ser declaradamente feliz se continuar com seus telefonemas, sua risada e até sua cara fechada enciumada por um tolo que não percebe que meus olhares são pra você. Vou ser o complemento duplicado desse ciúme quando o teu passado insistir em não enxergar que a história mudou.
Por fim, quero continuar nosso jogo, abrir o coração, te envolver em felicidade e fazer cada segundo do seu dia respirar amor.
E quando você sentir medo, lembre que além das minhas palavras, meu corpo e sentimento são por você.

- L. Martins

terça-feira, 7 de maio de 2013

São dias como o de hoje que me fazem encher o peito de uma sensação que só posso afirmar como paz, e gratidão. Uma sensação de plenitude, ser e estar completa, ou no lugar certo. Aliás, pra melhor falar e ser justa, com a pessoa certa. É assim que você me faz sentir, é assim que você me faz sorrir e ter vontade de conquistar o mundo pra te entregar de bandeja. Apenas mais um dos meus exageros sinceros de te presentear com alegria, tranquilidade, amor, carinho e transformar todos os teus dias em fotografias que retratem a felicidade nos teus olhos. 
São meses, exato tempo ao teu lado no calendário intenso dessa paixão inicial, mutável e elevada a condição de amor. Sou afeto incondicional, mesmo dentre as condições dos teus gestos, desejos, humores e doses incomparáveis de ciúme. Sou teu colo enquanto me encontro nos teus braços, me distraio com teu corpo e os tantos labirintos prazerosos que recheiam teu beijo quente e irresistível. Assumo, sofro com a saudade que me persegue quando nasce o dia e quando a noite brilha alta, sou refém dos minutos em que teu sorriso ou sua voz invade meus pensamentos. Corro o risco só pra te ver chegar perto, te ver se entregar de peito aberto, encaro de frente até te fazer entender que ao meu lado é seu canto, sua casa, e que você, eu quero.
Te digo sem pressa que esse tempo, e essa longa espera solitária antes de você já passam distantes na memória e que a nossa contagem apenas vem no seu início. Conto os dias em que deixei teus cuidados cairem sobre meus ombros tão cansados e pra te recompensar tanto empenho te digo aqui, nesse meu simples jeito de brincar com as palavras, que sou você, e busco teu amor pra que sua felicidade passe bem longe de qualquer tipo de dor. Busco em ti o que você já me entregou, agradeço hoje e sem faltas, que você desperta o melhor de mim. Por isso e tudo que criamos assim, nessa nossa tentativa de apenas coexistir, descubro no silêncio pensando alto, eu amo você.

- L.Martins

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ciranda de Paz

Roda a menina, braços abertos.
Distribui sorrisos no mundo, canta uma velha nova bossa.
Salta em torno dos próprios passos conhecidos.
Roda a menina, olhos fechados.
Entregue ao ritmo, entrega o coração.
Sem sair do lugar, tamborilando solta no ar.
Refrão batido, palmas ecoando de repente.
Procura um companheiro pra dançar o amor.
A paz daquela canção, aquele segundo de vida.
Roda a menina, agradece sem palavras.
Encanta a platéia, vibra enquanto se entrega.
Solta, salta outra vez no meio da multidão.
Decora os passos já aprendidos quando criança.
A paz de encontrar o olhar, o lugar.
Repete quando a tristeza chegar, foge distante.
Lá vai ela, rodando, dançando, procurando.
Roda a menina, roda a vida.
E nesse pouco tempo de paz, eu a vejo em descobertas.
Me enxerga, sorri, e eu sei, exatamente ali.
Sou eu a rodar, a lhe segurar, a pessoa certa.
Em qualquer lugar, sou eu girando em torno dela.
Roda a menina, e me ensina a amar.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Continuação

Sem saber as coisas da vida se renovam ao piscar dos olhos, as plantas crescem, as nuvens se afastam, o calendário corre e as pessoas mudam e modificam o mundo a sua volta.
A mudança vem de dentro, habita seu coração, e se torna raiz das suas ações e seus pensamentos. O conhecido se torna estranho, o novo se transforma em abrigo.
Sufoca a dúvida do como fazer, do como caminhar na direção do horizonte lúcido e tão desconhecido a sua frente, mas esse é o nosso modo de viver, nossa forma de crescer. Desaparecer aqui, aparecer no caminho de formas diferentes, cada um procurando sua forma particular de continuação. Cada um convivendo com as partidas, a solidão e os segredos compartilhados em um momento de euforia ou desamparo.
Continua aquele que descobre a força em um sorriso, a paz de estar consciente, a descoberta de si diante de tudo e todas as palavras oferecidas. Ali depois da curva uma atmosfera inteira com ares de amanhã, um dia bom e novas possibilidades. Acertar ou reinventar os erros, toda a verdade que se esconde na intensidade do olhar, meu cartão de visitas sem números, seu cheque em branco depositando confiança.
Desenhem os planos do destino com as legendas de todas as falhas que vão existir, a sorte que ganha outro nome, a fé que passeia como personagem de busca, os buracos escondidos, a falta da certeza de outra direção. Me chamem pelo nome, grite se preciso, continue assumindo o risco. Quem não se surpreende com os resultados da roleta? Os dados beijados clementes por vitórias, por alegrias, pelo controle da sua vida.
Olhe em volta, respire e continue a caminhada. Ao longe se enxerga uma nova morada, um novo lugar. Ao chegar não se assuste, se depois de tanto caminhar parecer tão igual, tudo vai estar como deveria estar. Correr não apressa o encontro, nem diminui a dor sofrida, caminhe firme sem esquecer que nos seus ombros traz a casa, os nomes, e tudo que aprendeu e inseriu na bagagem da sua mochila.
Aguente firme o peso, ao longo do caminho descansamos e refazemos o estoque de sobrevivência nessa guerra diária. O importante é continuar, mesmo quando a vontade for de desistir, parar. O mundo continua a girar e  novos dias nascem independente de onde você está, abra bem os olhos e descubra que nada impede você de renascer a cada alvorada.

- L. Martins

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sorte você

Tudo bem, tudo em paz. Foi assim, aos poucos, devagar, ficou pra trás aquele algoz.
Uma senação esquecida, esse olhar dobrando a esquina e o sorriso consumindo por inteiro.
Sem entender, nem querendo explicar. Foi, ficou aqui você no lugar.
Me veste de capa, armadura pronta, me fez fortaleza e eu aqui soprando leve pra te ver outa vez, no parque ou na praça, seja a liberdade pra viver.
Começo do avesso, meio aos tropeços, meio sem jeito e descarado vem gritando esse novo amor.
Tudo bem, tudo zen. Quando foi me procurar a primeira vez? Já passou o tempo que ninguém se olhou.
Se declarou, me envolveu, me enfeitiçou. Foi dando adeus, aquela antiga dor.
Será que você não percebeu, o que aconteceu? Devolve o beijo, o abraço mais longo do que o momento pareceu. Sorte você aqui do lado, e do contrário, eu desapego fácil.
Tudo bem, tudo especial. Me coloca no colo, recebe minha história preferida enquanto o sol não desaponta o novo dia. Calmaria, nova sala de estar, o seu olhar, vou mudar pra cá. Faz desse coração em dois, o nosso lar?
Aceita minha proposta, ou eu deixo de dizer não ao ensaio de uma vida longa, terra desconhecida, paisagem inteira pra encantar.
Esquece o falso sujeito que não aprendeu a rezar, faz do teu jeito. Essa minha verdade combinando com a cor dos teus olhos escuros, seria absurdo deixar de te amar.
Conta o drama do teu dia, como aprendeu andar por tanto tempo sem mim. Vire o rosto, me olhe assim, faço poesia enquanto deitas aqui, a minha cama fica solitária quando já pensa em te ver partir.
Sorte você esqueceu de acordar uma hora antes, mas me acordou querendo recuperar o sonho da noite tranquila que eu te fiz passar, ao te proteger, ao tentar te entender, dizendo em todas as línguas verbais, linguagens corporarais o meu desejo restrito somente a você.
Corro em disparada em busca da tua chamada, uma frase cortada ou a fotografia embassada, mil desafios nessa conversa que não tem sentido, outra briga, confusão antiga na madrugada.
Por um minuto, ou tantas horas talvez, escuto meu nome na tua voz, me deito em abrigo de um futuro pra nós. Sua fala corrida, meu verbo em calmaria. São coisas tão nossas, tão minhas, tão tuas e de outros casais.
Tudo bem, tudo certo. Coloca o teu corpo em uma distância segura pro meu desejo, alimenta essa vontade de viver feliz o tempo que ainda tem pra existir, eu em torno de você é tudo mesmo assim, complicado, a tua sede dos meus beijos, a minha fome dos seus afagos, e agora quem cruzar pelo caminho vai esbarrar em nós.
Vai ver que sorte é aceitar o que é melhor pra si. Vai ver a vida reservou a gente pra se encontrar assim.

- L. Martins

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Se

Sou parte de alguém, você é parte minha.
Se separados, funcionamos do avesso.
Se perto, somos fortes, inteiros. Somos nós.
Se não sentisse a solidão, não te entregarias a mim.
Se eu fosse de outro alguém, te perderia por aí.
Se não fosse o mundo girando, rodando, sendo o mundo,
não haveria o nosso encontro, não haveria o fim de antiga dor.
Quantas voltas até esbarrar nossos corpos em uma explosão,
catalisando vibrações, tatos, respirando paz.
Aquela falta de discrição, confusão, correria apressada,
pois se fosse segredo, não seria tua mão segurando a minha.
Se existisse um mundo paralelo, chamaríamos de casa.
Se existisse uma música, dançaríamos até o sol aparecer.
Se existisse um laço eterno, seriam teus dedos reconhecendo os meus.
Se existisse uma chance, casaria teus sonhos com meu paraíso.
Se existissem flores, seriam teu jardim, teus perfumes,
aquele todo encontrado em ti, aquele beijo feito pra mim com calor.
Quantas horas em claro a ouvir teus silêncios, teu sono profundo,
minha prisão voluntária, entregue, descarada, sem mais.
Aquele leito, nosso jeito, corpos em movimentos, desespero;
pois se fosse apenas mais um dia, não te chamaria em sussurros de vida.
Se fosse só risos, não seria sincero.
Se fosse só brigas, não teria a paz que eu sinto.
Se fosse só vontade, não teria esse medo da perda.
Se fosse só eu, não teria o olhar.
Se fosse só você, não teria a alegria.
Se fosse tudo assim, pela metade que não satisfaz,
não haveria nós, não haveria a saudade, não haveria o amor.

- L. Martins
 

domingo, 24 de março de 2013

Passagem

Vim pra esse mundo sem saber.
Cresci a cada passo errado, a cada vez que apoiei as mãos no chão e impulsionei meu olhar para uma nova direção, um horizonte distante e cheio de detalhes desconhecidos.
Vim como uma bala perdida, ricocheteando em pessoas, sorrisos, lágrimas de despedida, e dos corações atingidos reconheci ser o meu o mais fraco.
Calei minha voz inúmeras vezes prezando ouvir aqueles sons que vinham ao meu encontro e levavam os pedaços mais belos da minha alma. Calei, querendo ouvir.
Histórias tão parecidas com as minhas, lições de vidas esquecidas nas estradas, amores em construção, pedaços de emoções entregues a qualquer pessoa, segredos desconhecidos de melhores amigos, vícios, angústias, tudo simples, tantas filosofias. Escutei, recebi e me refiz de energia.
Nunca fui de muitas palavras, ou nunca gastei palavras por gastar, falei o que achei que era necessário falar.
Me despi de toda vaidade, me refiz a cada amanhecer e procurei esquecer as mágoas, os sonhos que não se realizaram, me reiventei e aceitei que não tenho um destino certo.
Eu estou só de passagem.
Me visto de cartões-postais que trazem os rostos de desconhecidos que cruzei pela caminhada, pela rua movimentada ou escura e calma; me visto de esperança e alegria quando o mundo se instala em minhas costas e o corpo vacila a reação.
Ontem eu queria ficar, me instalar por inteiro naquele corpo seu, naquela sua mania, naquela nossa canção perdida. Congelar o tempo, esquecer o trabalho dos ponteiros, atrasar por um segundo ínfimo as suas palavras e sussuros do meu lado esquerdo.
Errei na hora, errei no tato, errei por sentir prazer no pecado. Errei, como o mais belo dos românticos ao negar estar apaixonado. E quantas paixões me acompanharam, me guiaram, e (me) acabaram.
Eu tive que partir e ganhar o mundo, sair do papel, sair de mim e conseguir voltar por completo quando fosse preciso estar aqui, por você. Me entenda, eu fui a procura de me compreender. Eu fui, querendo ficar e partir, fui reciclar as dúvidas que carrego em mim.
Vim pro seu afago procurando descanso e encontrei montanhas, praias, paisagens inteiras dentro do teu abraço; aquele olhar seu enxergava um viajante cansado, e mesmo assim eu fiz ser passagem o lugar de me fixar.
Pego carona em copos cheios e entorpeço os pensamentos em destilados amigáveis que transportem até a próxima parada, a próxima casa, um outro dia que sobreviva depois de mais uma noite esquecida. Esqueço dos meus movimentos, esqueço de tudo, e de você eu lembro.
Tanto faz se o céu escureceu, se a lenha não me aqueceu, se a neve caiu enquanto eu esperava. Que contem os meus casos mais estranhos, que ouçam a minha risada distante, pois tanto faz se eu vou estar em um outro lugar. Eu sempre vou estar de passagem tentando encontrar quem foi embora, quem desapareceu sem cartas ou beijos demorados.
Quem será que agora vai pensar no que eu disse, no que eu fiz, ou em tudo que vivi?
Eu sempre fui passageiro, sempre fui intenso mesmo com medo, mas eu nunca tive receita feita, nunca fui o destaque da semana, nunca deixei de ser criança, eu que nem sei correr, levei o mundo como uma dança.
Eu vim de passagem, vim cheio de coragem, vim até a sua porta, te olhei da esquina, vigiei teus passos noturnos, registrei teus sorrisos acanhados e a tua marca no pescoço a te acompanhar, eu sempre estive lá, mesmo de passagem, era nos teus olhos o meu foco, a minha atenção e minha aula, era ali diante do teu mundo que eu aprendia a recomeçar.
Olhar adiante, redefinir as rotas, desenhar um sol e uma lua em outra latitude, calejar minhas mãos em tantas horas e linhas jamais entregues. Sentir o peso das palavras que vão se colocando no meio do caminho. Meu passaporte carimbado com tantos nomes, meu mural com fotos que descolorem com o tempo, meus sentimentos que se deixam levar pelo vento, meu eu, meu mundo, meu saber que eu passei por aqui, e falei sem escutar o quanto amei.
Vim tantas vezes, fui embora outras mais. Vim, vou, esse é meu ciclo, meu vício.
Seja de passagem pelo mundo, seja o que for pra ser, seja um novo você.

- Lu Martins

  

quarta-feira, 13 de março de 2013

Sou amor

Tenho pouca idade, sou de signo de terra, não desisto fácil. A curiosidade é meu guia, e aprender sobre tudo o que me cerca sempre me pareceu um pouco de sabedoria.
Sei dizer o que sinto, sei sentir o momento, só queria saber o que você alimenta aí dentro.
Não me olha assim com esse sorriso de quem esconde paixões, desejos, pura libido. Você combina bem com a minha pele, e a minha boca sabe os anseios da tua.
Você é meu oposto, é explosão desorientada, lançada feito flecha querendo atingir todos os alvos do mundo. Feito água, marcante, emoção, é sentimento.
Não vem com essa fuga, pra depois aparecer como quem se arrependeu. Eu sou mais, sou esse porto esperando você, sou leito pro teu corpo. Conheço tudo o que você quer dizer, mesmo com esse mundo que te assusta, eu tenho a vantagem de ter vivido mais que você.
Olha em volta se tem tanta dúvida, e diz, quem mais te espera? Quem mais além de mim faz do dia negro uma faceta clara e castanha como teus olhos quando ficam perto de mim? Responde e descobre que eu respiro aqui, do teu lado, sem pretensão alguma de partir.
Sou impaciente, as vezes até pareço meio ausente. Meus pensamentos me atormentam, mas também consolam. Distante ainda que seja, sem falar, sem aparecer, mas sem me esconder, eu te protejo como um amor pode ser. E de amor você entende, e ensina bem. Essa sabedoria eu preciso dizer, raridade da sorte recebida, amar, aprendi ao te conhecer.
Sou portanto acima de tudo, acima de todos, acima dos mundos, sou você, sou eu em construção. Sou o que nem sei, sou o que já sei, sou o nome que me batizou, sou assim como me revelou, sou amor.

- Lu Martins

terça-feira, 5 de março de 2013

Faz chorar

'Com o passar do tempo nos perdemos, fugimos, corremos e nos escondemos.
Criei amigos sinceros que me maltratam sem piedade jogando em mim as verdades que não queria ouvir sobre você.
Cultivei sentimentos ausentes em muitos, entrei na tua onda dissimulada de esquecer os sentimentos raros em nós.
Agora é essa distância que faz chorar, essa angústia, esse não encontrar que cala, essa vontade de ficar, de não acreditar no que ficou ali pra terminar.
Corre contra o meu peito, que meu rosto receba tua mão violenta, que tua voz alta corte o ar, mas não me entrega esse silêncio que só faz chorar, que não vai embora e que ninguém por muito tempo ignora.
Para por um tempo, te afasta, te refaz, eu compreendo. Eu também merecia um tempo, um novo amor, um abrigo seguro e com luz, não com a sombra das lágrimas que você me fez chorar. Para! Eu falei um tempo, e não a vida inteira. Não acha que essas palavras são apenas brincadeira.
Escuta, cala suas explicações. Por um momento escuta, e entende meu lado como eu te entendo.
Faz chorar não ter a certeza de te conhecer hoje, ou se ontem eu conheci ou me enganei. Faz chorar ver no seu esquecimento as frases, as juras, os sorrisos que existiam, apaga essa falta de crença, porque sim, foi bom. Faz chorar te ver por outros olhos, e ter que virar e negar o oi que eu quis falar.
Mas de tudo o que pode ter passado no teu corpo nestes segundos perdidos comigo, que não se esgote o carinho e o bem querer, que mesmo de longe surgiu um dia de um amor que fez chorar, mas me ensinou por intensidade o que todo mundo me contava sobre apaixonar.'

- L.Martins

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cada vírgula

‘Vim caminhando, passos lentos, hesitantes, medo. Faltou coragem de encarar o teu sorriso, o teu olhar, a tua boca, seu jeito de falar com as mãos.
Fiquei ali, na sua frente, respirando lento, quase invisível, distante, errante. Você me soltava palavras ensaiadas, e eu sentia como se acabassem meus sonhos a cada vírgula, a cada pausa na sua respiração, a cada vez que você me fazia encarar teu rosto.
Não vou te pedir que volte, ou que mude seu pensamento, vou querer te ver sempre forte, e seguindo em frente na nossa busca diária por felicidade. Nós concordamos em muitas coisas, somos apaixonados pelas mesmas músicas, e acreditamos nos sentimentos que vivemos. Teve que ser assim, a vida nos separou, eu fugi, você se escondeu e há quem nos diga que o que aconteceu foi que a gente se perdeu.
Cada palavra, cada vírgula da nossa última conversa, nossa última risada, nosso beijo desesperado e sincero. Dividimos o peso, por tanto tempo, que hoje dividimos nosso coração em mundos opostos. Me desculpe por não saber entender ou dizer adeus direito, principalmente a você. Foram vírgulas que eu escutei, cada uma, mas o que nosso livro não ganhou foi um ponto final, uma lágrima dizendo que a história desse amor literalmente acabou.’

- L. Martins

Só quem sonha acordado vê o Sol nascer

"Existo onde não sou" Sigmund Freud
"Sem a música, a vida não teria sentido" F. Nietzsche
 
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