Discurso na íntegra:
Boa noite a todos, meus cumprimentos ao Ilustríssimo Diretor Marcos Paulo Cereto, na pessoa de quem estendo os cumprimentos aos demais membros da mesa. Boa noite aos familiares, amigos, companheiros, colegas de faculdade, professores e funcionários da casa. Obrigada por comparecerem a este momento singular em nossas vidas. Considerem-se fundamentais, e gratidão é apenas um dos sentimentos que nesta noite tentaremos expressar não só com palavras, mas também em atitudes. Caros colegas Eu prometo a vocês que vou tentar “explicitar” de forma mais breve que a Simone na nossa aula da saudade. Só não posso dar garantias!
A missão que vocês, agora colegas de profissão, Psicólogos, me pediram para cumprir não foi a mais fácil, e nem a mais leve. Mas não por ser um peso em si, e sim, pela importância e a honra que é se pronunciar diante de vocês e de todos aqui presentes. Este momento é MUITO maior do que imaginávamos no começo da caminhada, fosse recém saído da adolescência ou de outra faculdade; e muito mais longa do que alguns imaginavam que seria. Sem querer direcionar ao Henrique nem à Érica, mas esses entendem bem do assunto.
Seria fácil acreditar que apenas falar o que viesse a cabeça e ao coração no momento que subisse aqui bastaria, mas pensar nas palavras certas, as escolhidas para refletirem os sonhos, os planos, os sentimentos que cada um de nós estamos transmitindo no olhar essa noite não é apenas mais uma tarefa a ser cumprida em sala de aula.
Não contamos com a pressa do relógio para que essa tarefa seja cumprida, e ao contrário, desejamos intimamente que o tempo pare e cada detalhe, cada gosto, cada troca de olhar apreensivo, cada respiração ansiosa, cada percepção possa ser vivenciada, com a intensidade mais pura e capaz de transformar o que acontece aqui, em futuras lembranças doces e inesquecíveis, pois aqui, agora, estamos escrevendo mais uma página com títulos garrafais e conteúdos únicos nos livros mais importantes, naqueles que nos debruçamos diariamente. E são os dias como os de hoje que tornam Best-sellers pessoais o livro de nossas vidas, e meus queridos, nós somos os responsáveis por editar como escritores principais a história que é contada nessas páginas.
Mais uma vez repito: é hoje o dia, é agora o momento pelo qual esperamos. E ao lembrar das histórias, que sintamos o sabor da nossa vitória sobre as dificuldades individuais e coletivas, fossem elas pessoais ou acadêmicas; lembrem-se com orgulho das barreiras que tiveram que ser minadas; percebam a capacidade que desenvolveram de seguir adiante e com a cabeça erguida para mais um desafio. Lembrem-se que mesmo diante dos aparentes empecilhos conseguíamos sorrir e nos sentirmos orgulhosos por alguma pequena conquista. Assim, mantenham o esforço e a paixão ao que desejaram, mantenham a paixão pela profissão escolhida. – PSICOLOGIA!
Sartre disse, “...um homem é sempre um narrador de histórias (...) procura viver a sua vida como a narrasse. Mas é preciso escolher: Viver ou narrar.” E quantas histórias nós já ouvimos até aqui. Pensem em cada paciente, cada escuta, cada participação que tivemos nas narrativas de todos que cruzaram nosso caminho. E, embora seja preciso escutar atentamente, não esqueçam de que possuimos uma história própria, e que essa deve ser bem cuidada, bem vivida. Por mais que cada um a escreva à sua maneira, que o capítulo anterior ao de hoje seja diferente e tenha personagens diferentes, foram as trajetórias individuais que possibilitaram criar histórias comuns, a cada um dos 12 psicólogos em destaque hoje.
Sim, hoje estamos em destaque e mudamos de categoria, passamos de estudantes de psicologia para psicólogos, no entanto é preciso que tenhamos cuidado e saibamos lidar com a prepotência ou a arrogância que o conhecimento pode acompanhar. Não se iludam; compartilhem cada aprendizado, multipliquem, façam a diferença! Cada descoberta pode ser bem maior e tornar-se mais interessante quando dividida. Se coloquem à disposição de ensinar, tenham desejo de aprender, de expandir o que sabem e se permitam aprender não só com os mestres, mas com aqueles que ainda se consideram aprendizes também.
Colegas, se ficar difícil de saber como fazer para seguir esse caminho lembrem-se dos professores. Aqueles que tantas horas dedicaram a esclarecer nossas dúvidas, e que continuarão a servir de exemplo por tanta nobreza no ato de compartilhar.
Sim, professores, nós não poderíamos deixar de agradecer pela paixão vista em seus olhos a cada explicação, cada troca possibilitada, cada lição ensinada. Lições que foram além dos livros, lições de vida que nos ofereceram em cada conversa, cada momento, fosse ele prazeroso ou não, como tudo que é reflexo do afeto que nos move, que nos direciona e possibilita nossas escolhas, tentativas e vitórias. Aos professores o nosso Muitíssimo obrigada! Por não desistirem, mesmo quando o momento não era o mais fácil, e por nos passar a segurança de que podíamos confiar que o resultado seria o melhor, por acreditarem no que poderíamos oferecer se trabalhássemos em conjunto; obrigada por enxergarem nossas imperfeições e necessidades individuais, nosso crescimento foi parte do que depositaram em nós, e obrigada por serem tão particularmente diferentes, possibilitando um crescimento ainda maior.
Além dos corajosos professores, quem muito nos ajudou e pode continuar nesse lugar, com inúmeras diferenças da faculdade, na nossa casa. É certo que a ULBRA e todos os seus funcionários, nos acolheram, e compartilhamos cada passo aqui dentro como em um verdadeiro lar, no significado literal de um local onde as pessoas vivem e se sentem bem, ou melhor, convivem.
E enquanto alternávamos entre os espaços de aprendizado, foram nossos familiares, companheiros e amigos que muito tiveram que agüentar durante esses anos. Afinal, não poderíamos nos direcionar até vocês de outra forma. Vocês também são guerreiros. Não dá pra negar que agüentar uma Camila estressada e aos prantos por conta de prazos da monografia é uma tarefa árdua; assim como agüentar qualquer aluno que saia da faculdade frustrado de tanto torcer pro ratinho apertar aquela barra de ferro e ele passar a aula toda apenas dormindo. “Contudo”, vocês foram o refúgio, a nova inspiração diária para continuar, o ombro que afastava o cansaço quando tudo parecia impossível. Obrigada por entenderem quando passávamos horas com livros, trabalhos e colegas de faculdade, ou o dia todo em nossos locais de estágio, ao invés de estarmos brincando com filhos, rindo de piadas no almoço de domingo, programando viagens nas férias ou apenas assistir a novela das nove. Obrigada por manterem o ciúme na medida certa.
Muitos de vocês trabalharam todos os dias, e mais do que agüentavam fisicamente para que este sonho fosse possível, e ainda assim, compartilhavam pacientemente de nossas angústias, nossas vitórias, nossos medos. São muitos os heróis que nos cercaram. Vocês são incríveis, e explicar isto seria como colocar limites aonde não há. E especialmente aos pais, alguns nem tão perto, outros já não ao nosso lado e aqueles superprotetores e perto demais, vocês são a causa maior, e esperamos poder refletir por outros dias o orgulho que vocês sentem hoje. Obrigada por acreditarem e apoiarem integralmente quando foi preciso. São os presentes mais sinceros que Deus poderia nos entregar, e a Ele somos ainda mais gratos por cada passo possível até aqui.
E por termos consciência do que passamos, é que digo a vocês: não se sintam acomodados por terem alcançado a tarefa. Continuem com a mesma garra, e vontade ainda maior de concretizar o projeto. Não coloquem limites perto demais, explorem cada possibilidade, lembrem-se do que já aprenderam até aqui e busquem por mais. Não corremos contra o tempo apenas por esta noite. Não choramos e argumentamos com a Profa Fernanda (a Fernandinha) as horas complementares que nos faltavam apenas pra ela nos devolver atividades e frases reflexivas. Façam valer cada hora, façam valer cada choro, cada abraço, cada passo. Não lamentem o que não foi possível fazer, agradeçam que ainda é tempo de colocar em prática novos desejos.
O nome que carregaríamos enquanto turma também foi um desafio criativo, e com viagens das mais absurdas às mais improváveis. Queríamos ser chamados de autênticos no início, e nos cercamos de tanta verdade, que fomos espontâneos a cada reunião, a cada desentendimento e até nos desencontros das primeiras tentativas. Somos essa mistura de risadas, de graça e trapalhadas, mas também de leveza, e sinceridade em nossas atitudes, não nos seduzimos apenas pelas palavras. Somos a mistura de quem sonha, decide e se permite ousar em tornar realidade o que parecia difícil aos outros, e as vezes até impossível para nós mesmos. Por fim, somos uma mistura de pessoas que querem conquistar seu próprio lugar ao sol.
Mais uma vez, não parem aqui, continuem sonhando. Sonhos incríveis e cheios de detalhes fantásticos. Mais uma vez, peço a vocês, compartilhem os sonhos, as dúvidas, as vitórias e também as derrotas. E tenham certeza de que assim nunca estarão completamente sós. Independente do momento, nós precisamos da troca, precisamos do outro e reconhecer isso é o primeiro passo para o sucesso. Levem sempre com vocês que os sonhos nos inspiram, as pessoas nos guiam e nos ajudam a escolher a rota.
Nós somos responsáveis por ocuparmos este lugar hoje! Nesta batalha NÓS fomos os vencedores. Comemorem, festejem, façam dessa noite um carnaval completo de emoções incríveis e muita alegria. Tornem o “aqui e agora” algo maior do que uma história incrível para ser contada.
E apenas para lembrá-los, aproveitem para renovar as forças agora, pois como diria Renato Russo, “...teremos coisas bonitas pra contar, e até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer (...) apenas começamos, o mundo começa agora, apenas começamos.”
Obrigada por compartilharmos este momento, e parabéns por sonharem, ousarem, e conquistarem mais esta vitória em suas vidas.
Lucianna Martins
