terça-feira, 23 de abril de 2013

Ciranda de Paz

Roda a menina, braços abertos.
Distribui sorrisos no mundo, canta uma velha nova bossa.
Salta em torno dos próprios passos conhecidos.
Roda a menina, olhos fechados.
Entregue ao ritmo, entrega o coração.
Sem sair do lugar, tamborilando solta no ar.
Refrão batido, palmas ecoando de repente.
Procura um companheiro pra dançar o amor.
A paz daquela canção, aquele segundo de vida.
Roda a menina, agradece sem palavras.
Encanta a platéia, vibra enquanto se entrega.
Solta, salta outra vez no meio da multidão.
Decora os passos já aprendidos quando criança.
A paz de encontrar o olhar, o lugar.
Repete quando a tristeza chegar, foge distante.
Lá vai ela, rodando, dançando, procurando.
Roda a menina, roda a vida.
E nesse pouco tempo de paz, eu a vejo em descobertas.
Me enxerga, sorri, e eu sei, exatamente ali.
Sou eu a rodar, a lhe segurar, a pessoa certa.
Em qualquer lugar, sou eu girando em torno dela.
Roda a menina, e me ensina a amar.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Continuação

Sem saber as coisas da vida se renovam ao piscar dos olhos, as plantas crescem, as nuvens se afastam, o calendário corre e as pessoas mudam e modificam o mundo a sua volta.
A mudança vem de dentro, habita seu coração, e se torna raiz das suas ações e seus pensamentos. O conhecido se torna estranho, o novo se transforma em abrigo.
Sufoca a dúvida do como fazer, do como caminhar na direção do horizonte lúcido e tão desconhecido a sua frente, mas esse é o nosso modo de viver, nossa forma de crescer. Desaparecer aqui, aparecer no caminho de formas diferentes, cada um procurando sua forma particular de continuação. Cada um convivendo com as partidas, a solidão e os segredos compartilhados em um momento de euforia ou desamparo.
Continua aquele que descobre a força em um sorriso, a paz de estar consciente, a descoberta de si diante de tudo e todas as palavras oferecidas. Ali depois da curva uma atmosfera inteira com ares de amanhã, um dia bom e novas possibilidades. Acertar ou reinventar os erros, toda a verdade que se esconde na intensidade do olhar, meu cartão de visitas sem números, seu cheque em branco depositando confiança.
Desenhem os planos do destino com as legendas de todas as falhas que vão existir, a sorte que ganha outro nome, a fé que passeia como personagem de busca, os buracos escondidos, a falta da certeza de outra direção. Me chamem pelo nome, grite se preciso, continue assumindo o risco. Quem não se surpreende com os resultados da roleta? Os dados beijados clementes por vitórias, por alegrias, pelo controle da sua vida.
Olhe em volta, respire e continue a caminhada. Ao longe se enxerga uma nova morada, um novo lugar. Ao chegar não se assuste, se depois de tanto caminhar parecer tão igual, tudo vai estar como deveria estar. Correr não apressa o encontro, nem diminui a dor sofrida, caminhe firme sem esquecer que nos seus ombros traz a casa, os nomes, e tudo que aprendeu e inseriu na bagagem da sua mochila.
Aguente firme o peso, ao longo do caminho descansamos e refazemos o estoque de sobrevivência nessa guerra diária. O importante é continuar, mesmo quando a vontade for de desistir, parar. O mundo continua a girar e  novos dias nascem independente de onde você está, abra bem os olhos e descubra que nada impede você de renascer a cada alvorada.

- L. Martins

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sorte você

Tudo bem, tudo em paz. Foi assim, aos poucos, devagar, ficou pra trás aquele algoz.
Uma senação esquecida, esse olhar dobrando a esquina e o sorriso consumindo por inteiro.
Sem entender, nem querendo explicar. Foi, ficou aqui você no lugar.
Me veste de capa, armadura pronta, me fez fortaleza e eu aqui soprando leve pra te ver outa vez, no parque ou na praça, seja a liberdade pra viver.
Começo do avesso, meio aos tropeços, meio sem jeito e descarado vem gritando esse novo amor.
Tudo bem, tudo zen. Quando foi me procurar a primeira vez? Já passou o tempo que ninguém se olhou.
Se declarou, me envolveu, me enfeitiçou. Foi dando adeus, aquela antiga dor.
Será que você não percebeu, o que aconteceu? Devolve o beijo, o abraço mais longo do que o momento pareceu. Sorte você aqui do lado, e do contrário, eu desapego fácil.
Tudo bem, tudo especial. Me coloca no colo, recebe minha história preferida enquanto o sol não desaponta o novo dia. Calmaria, nova sala de estar, o seu olhar, vou mudar pra cá. Faz desse coração em dois, o nosso lar?
Aceita minha proposta, ou eu deixo de dizer não ao ensaio de uma vida longa, terra desconhecida, paisagem inteira pra encantar.
Esquece o falso sujeito que não aprendeu a rezar, faz do teu jeito. Essa minha verdade combinando com a cor dos teus olhos escuros, seria absurdo deixar de te amar.
Conta o drama do teu dia, como aprendeu andar por tanto tempo sem mim. Vire o rosto, me olhe assim, faço poesia enquanto deitas aqui, a minha cama fica solitária quando já pensa em te ver partir.
Sorte você esqueceu de acordar uma hora antes, mas me acordou querendo recuperar o sonho da noite tranquila que eu te fiz passar, ao te proteger, ao tentar te entender, dizendo em todas as línguas verbais, linguagens corporarais o meu desejo restrito somente a você.
Corro em disparada em busca da tua chamada, uma frase cortada ou a fotografia embassada, mil desafios nessa conversa que não tem sentido, outra briga, confusão antiga na madrugada.
Por um minuto, ou tantas horas talvez, escuto meu nome na tua voz, me deito em abrigo de um futuro pra nós. Sua fala corrida, meu verbo em calmaria. São coisas tão nossas, tão minhas, tão tuas e de outros casais.
Tudo bem, tudo certo. Coloca o teu corpo em uma distância segura pro meu desejo, alimenta essa vontade de viver feliz o tempo que ainda tem pra existir, eu em torno de você é tudo mesmo assim, complicado, a tua sede dos meus beijos, a minha fome dos seus afagos, e agora quem cruzar pelo caminho vai esbarrar em nós.
Vai ver que sorte é aceitar o que é melhor pra si. Vai ver a vida reservou a gente pra se encontrar assim.

- L. Martins

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Se

Sou parte de alguém, você é parte minha.
Se separados, funcionamos do avesso.
Se perto, somos fortes, inteiros. Somos nós.
Se não sentisse a solidão, não te entregarias a mim.
Se eu fosse de outro alguém, te perderia por aí.
Se não fosse o mundo girando, rodando, sendo o mundo,
não haveria o nosso encontro, não haveria o fim de antiga dor.
Quantas voltas até esbarrar nossos corpos em uma explosão,
catalisando vibrações, tatos, respirando paz.
Aquela falta de discrição, confusão, correria apressada,
pois se fosse segredo, não seria tua mão segurando a minha.
Se existisse um mundo paralelo, chamaríamos de casa.
Se existisse uma música, dançaríamos até o sol aparecer.
Se existisse um laço eterno, seriam teus dedos reconhecendo os meus.
Se existisse uma chance, casaria teus sonhos com meu paraíso.
Se existissem flores, seriam teu jardim, teus perfumes,
aquele todo encontrado em ti, aquele beijo feito pra mim com calor.
Quantas horas em claro a ouvir teus silêncios, teu sono profundo,
minha prisão voluntária, entregue, descarada, sem mais.
Aquele leito, nosso jeito, corpos em movimentos, desespero;
pois se fosse apenas mais um dia, não te chamaria em sussurros de vida.
Se fosse só risos, não seria sincero.
Se fosse só brigas, não teria a paz que eu sinto.
Se fosse só vontade, não teria esse medo da perda.
Se fosse só eu, não teria o olhar.
Se fosse só você, não teria a alegria.
Se fosse tudo assim, pela metade que não satisfaz,
não haveria nós, não haveria a saudade, não haveria o amor.

- L. Martins
 

Só quem sonha acordado vê o Sol nascer

"Existo onde não sou" Sigmund Freud
"Sem a música, a vida não teria sentido" F. Nietzsche
 
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