sexta-feira, 2 de maio de 2014

Entre, e boa sorte

Atender uma ligação, ato reflexo ou ato afetivo. Agir, em si, já é a própria significancia do afeto. Um contato favorito, uma pessoa a ser evitada, ou apenas um número desconhecido.
Permitir que por alguns minutos, ou horas, afinal o tempo aqui é relativo tal qual a pessoa quem chama; alguém entre no seu mundo e encontre suas palavras. Muitas vezes, são elas que salvam madrugadas e a alma; são elas que embalam notícias despretensiosas até as mais trágicas e dispensáveis. Quão reféns somos hoje das palavras? Quão entregues estamos ao som e o impacto delas? Que se percam o som e a entonação transmitidos pela voz, afinal, somos todos fragmentos digitalizados atualmente; mas ainda assim somos todos reféns sem conhecimento do poder tão imenso que elas tem sobre nós.
Um "eu te amo" ou um simples e poderoso "não". Ah, como são capazes de modificar humores, vidas, mundos inteiros e tão particulares. Palavras seriam átomos progressivos que dão liga a tantos encontros ocorridos, e acontecimentos que sequer foram imaginados. Mude uma frase, e mude tudo o que ela carrega. Esteja preparado, se decidir entrar. Esteja preparado com escudos de silêncios, a lanças ferozes que agridem impulsivamente a quem mais se queria proteger. Palavras podem unir, mas afastam quando não se sabe bem o que queremos transmitir.
Que mundo louco esse que entramos quando aprendemos a viver com elas, e sob elas, palavras, sábio aquele que consegue se fazer ouvir com um toque, um olhar, assim, ao entrar nesse mundo, sabe a hora exata em que se deve falar, e qual palavra usar.

- Lu Martins

Só quem sonha acordado vê o Sol nascer

"Existo onde não sou" Sigmund Freud
"Sem a música, a vida não teria sentido" F. Nietzsche
 
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