Caminho paralelo (parte 1)

Se você acordou assustado, se os seus pesadelos revelaram portas que foram fechadas atrás de mim, eu não tenho muito a fazer. O cronômetro foi perfeito, o tempo necessário para você alcançar os meus passos, então porque não correu? Agora essas noites são suas, e mesmo não querendo, eu tive que trancar o sentimento no porão, inventar chaves e perdê-las pelo caminho.

Não vai adiantar voltar, o tempo criou um espaço maior do que nossas pernas e braços, e o desejo de alcançar o outro foi perdendo a força, a coragem, a graça. Você não vai entender as minhas explicações, e eu nunca aceitei as tuas tentativas de respostas, quando tudo fazia sentido, tudo tinha a duração de um sorriso; e quando tudo deixou de ter lógica, eu encarei o mundo que passava lá fora.

Não se preocupe! Eu apenas invento teorias sem fundamento pra dizer que te esqueci, mas eu nunca tentei chegar até o fim. Você levou o melhor de mim, e eu ainda considero o melhor pra mim. Não vou esquecer, não vou superar, eu só não quero ter que todo dia lembrar de ti, quando eu sei que não vai dar pra ser, que é melhor acreditar que chegou ao fim.

Saudade invade o coração quando os meus olhos caem sobre os teus, e sem permissão escuto os risos que ficaram ecoando no passado, me encontram vestindo a melhor armadura que apenas serve como um disfarce, pois os teus meios de chegar até mim não conhecem as barreiras que eu crio.
A minha vida continua correndo paralela à sua, e as nossas fotos aparecem na linha do tempo da minha memória mais real quando me perguntam sobre um tempo bom. Os abraços e as frases incompletas que eram entendidas pelo toque, pelo olhar, ou apenas pelo silêncio que nos acomodava na sala.
Ontem você conseguiu uma vitória, e eu recebi a notícia quando estava entrando em casa pensando se você estaria bem, se estaria com alguém. Hoje eu aprendi com um erro, e foi você quem me mandou uma mensagem de confiança, de apoio sem sequer eu explicar o que estava acontecendo. Eu só queria esclarecer essa meia verdade que vivemos. É tanta coisa não dita, tanta coisa, tanta coisa que cansa. As vezes te recebo com o melhor abraço, outras quero apenas correr pra que você não me veja de frente.
Faz tempo que cruzamos um mundo sem volta, e agora, o que volta é o que sempre caminhou lado a lado com a nossa história. Saudade nunca vai, mas sempre volta, enquanto eu espero a sua, e você reclama da sua vida, diz que precisa de algo novo, quando quer mesmo tentar tudo denovo.
As musicas ainda nos servem como elo, e é você quem liga quando descobre uma banda, uma canção que fale de nós dois e me faz lembrar de tudo o que eu nunca esqueço.

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